Bisavó chora ao lembar da morte da estudante que criou e tomou medicamentos para interromper a gravidez

Há três anos, a estudante Roseli Maria da Conceição, de 22 anos, morreu, uma semana depois de ter sido internada em hospital público de Teresina, com consequência de complicações de consumo de antiabortivo, que na té hoje a família não sabe se foi Cytotec, muito usado no Piauí, ou outro medicamento. A aposentada Rosa Maria da Conceição, de 72 anos, bisavó, mas, na prática avó por ter criado pequena a mãe de Roseli, Rosângela da Conceição, e mãe, porque assumiu a criação da estudante assim que nasceu, chora ao lembrar da rapidez da morte e das circunstância. Roseli Maria da Conceição morreu grávida de três meses, fato que a família desconhecia, como também era ignorante em relação ao fato da estudante ser HIV positiva. “Só depois de sua morte é que fomos saber que ela estava grávida de três meses, tomou remédio e estava com HIV. A gente não sabia de nada, não podia adivinhar”, fala Rosa Maria da Conceição, em uma residência na Vila Risoleta Neves, na zona norte de Teresina. A informação de que Roseli Maria da Conceição tomou medicamento para provocar aborto só foi chegar à família, após o exame cadavérico no Instituto Médico Legal (IML). Rosa Maria da Conceição lembra que Roseli Maria da Conceição era uma garota estudiosa tinha concluído o ensino médio e estava esperando a colação de grau. Ela ficou grávida a primeira vez aos 17 anos e teve uma menina que tinha completado cinco anos quando morreu. “Ele se amigou (viver maritalmente) com um rapaz, teve uma filha e voltou para minha casa. Ela voltou para a casa da sogra, onde morava o marido. Quando adoeceu novamente, ela veio novamente para minha casa, foi levado para o Hospital do Buenos Aires, que era perto de casa e depois para depois foi para um hospital da rua (Hospital Getúlio Vargas)”, falou Rosa Maria da Conceição. Rosa Maria hoje acredita que Roseli Maria da Conceição tentou estimular o aborto para não ter um filho com HIV, mas isso tudo sem que a mãe, que mora em uma pequena casa de taipa em um beco no bairro Água Mineral , a bisavó e o irmão Yure da Conceição, de 20 anos, que também mora com a bisavó desde que nasceu. A casa de Rosa Maria da Conceição é de tijolos, mas precária e fica em uma área sempre invadida pelas águas do rio Poti durante as enchentes. Rosa Maria diz que a bisneta foi internada com fortes dores de barriga e apesar de vomitar com frequência nunca falou para a família da gravidez. “Era uma menina espertinha, bonita e magrinha. Eu até hoje não sei porque chegou a isso, deveria está preocupada com a gravidez. Ela começou a sentir agonia quando estava na casa da sogra e , depois, ela veio para minha casa, ficou um pouco melhor e começou a ficar mal, tomou injeções para pneumonia. Eu acho que foi aí que ela tomou o remédio para não ter o filho . Eu dizia para ela não pegar em barro, poeira. Eu não sabia que ela não queria o filho, a gente só foi saber depois da morte. Quando morreu, disseram que estava grávida. Morreu com o bebê na barriga, era tão nova, sempre fininha e bonitinha. Eu vi sua fotografia quando estava internada e no soro e falei que esperava um ou dois dias para recebê-la em minha casa porque do jeito que estava, ela estava era morta. Quando chegaram em minha casa não disseram nada e me deram medicamento para ficar tranquila e suportar a morte de minha filha. Eu não soube mais de nada porque ficaram me dando comprimidos. Eu criava desde que nasceu, eu fui pegar ela na maternidade e sempre fiquei em meu poder. Eu só brigava com ela para ela não se juntar com aquele homem porque ainda não tinha idade, tinha era terminar os estudos”, falou Rosa Maria. Fonte: Meio Norte