No Estado do Espírito Santo, numa cidade da região metropolitana até montado a cavalo um dito pastor tentou entrar no templo onde ele é o responsável; só não o fez porque o equino empacou e não houve ninguém capaz de fazê-lo adentrar ao recinto sagrado – será que foi o mesmo anjo que apareceu a jumenta de Balaão (Nm 22:21-31) que por clemência divina impediu tamanha irreverência? Tem também “um pregador que o público jovem curte lá das bandas das Minas Gerais”, já fez suas homílias com suas camisas de super heróis, ou até mesmo vestido de super homem dentro daquilo que parece ser uma “igreja despojadamente jovem”, na maior tranqüilidade sem qualquer constrangimento – onde estamos buscando nossos referencias de pregação ou estilo de vida? Não usem o argumento: “ele está resgatando muitos jovens do mundo”. Ah é? Então justifica trazer os “heróis” do mundo para dentro da igreja? Significa que os fins justificam os meios? Não nos esqueçamos do rei Uzias que pensou de forma semelhante e foi leproso pelo resto da vida – só porque quis “contextualizar” e ampliar a função sacerdotal a si mesmo – o que não era permitido pelo Senhor Deus.
Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes (Am 5:21)
Percebe-se uma verdadeira profanação dos locais de culto coletivo em muitas congregações. Infelizmente vários pastores, líderes e membros locais perderam o temor a Deus, ignoraram a sã consciência, rejeitaram a noção do que é absurdo ou impraticável nos âmbitos da igreja cristã. Estranha-me a promoção de campeonatos de MMA, festas juninas, transmissão de jogos da copa do mundo, baladas para jovens e cinemas com exibição de filmes nada cristãos dentro do templo ou nos limites da propriedade de igrejas cristãs, como se tudo isso fosse normal e aceito por Deus. Parece que voltamos no tempo e chegamos a quase dois séculos antes de Cristo quando o templo de Jerusalém foi profanado pelos sírios e macedônios – mas, com uma diferenciação ainda mais repugnante – agora, os profanadores são os de dentro da própria igreja local. Não me tenha por heterodoxo por na sequencia citar um texto apócrifo, mas preste atenção na gravidade da narrativa.
“Nela [na cidade de Jerusalém], instalaram uma gente perversa, homens sem fé nem lei, e aí se fortificaram. [...] Tornou-se aquilo uma emboscada para o santuário e um maléfico adversário para Israel todo o tempo. [...] e macularam o lugar santo” (1 Mc 1:34-37)
A maioria dos evangélicos nunca leu os livros de 1 e 2 Macabeus que estão entre os sete a mais da Bíblia católica, pois os consideram não inspirados. Discussões a parte, os tenho como fonte histórica já que tais narrativas também foram corroboradas por Flávio Josefo, historiador judeu da época de Jesus (História dos Hebreus, Livro 12º, capítulo 7, página 561 – CPAD). Já que o período dessa invasão ocorreu no período que chamamos de inter-blíbico (de Malaquias a Mateus) as descrições de 1 Macabeus lançam um pouco mais de luz sobre como os judeus foram duramente provados através da imposição da cultura grega sob o Judaísmo. O tirano Antíoco Epifânio IV, um rei da dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 e 164 a.C. invadiu a terra santa, subjugou os habitantes de Jerusalém e intrometeu-se impiamente sobre o culto dos hebreus. Destituiu o Sumo Sacerdote Jasão, saqueou os tesouros e utensílios sagrados, proibiu suas festas religiosas anuais, reprimiu rituais da lei mosaica e profanou o templo com sacrifícios impuros sobre o altar que lá mandara levantar – cometendo o sacrilégio de oferecer uma porca sobre o mesmo dentro do templo.
Por trás do belo discurso de Epifânio IV havia uma armadilha de miscigenação que ele incentivava e desenvolvia forçadamente; coexistia o propósito de fragmentar referenciais religiosos peculiares aos judeus (lei, templo e culto). Antioco buscava minar a fé do remanescente israelita e puir suas crenças milenares, pois estas os uniam. Numa perspectiva espiritual, foi esse monarca um instrumento das trevas para tentar impedir a chegada da plenitude dos tempos (Gl 4:4). A redenção dos judeus deu-se através dos Macabeus que eram integrantes de um exército rebelde judeu e que mais adiante fundou a dinastia dos Hasmoneus, que governou a Judéia de 164 a 37 a.C. Seu membro mais conhecido foi Judas Macabeu, assim apelidado devido à sua força e determinação. Os anais contam que os Macabeus conseguiram com bravura e espírito nacionalista resistir e expulsar os invasores estrangeiros, restabelecer a religião judaica, expandir suas fronteiras e reduzir no país a influência da cultura helenística. O templo foi purificado em 25 de quisleu (dezembro) de 165 a.C. originando a festa da dedicação em Jerusalém (Jo 10:22-23).
Acabarei com a sua alegria: suas festas anuais, suas luas novas, seus dias de sábado e todas as suas festas fixas (Os 2:11)
Algumas igrejas têm atraído os olhares da mídia secular não porque estão promovendo algum trabalho de importância social ou relevância comunitária – mas porque estão apelando ao ridículo e ao abominável. Aquela argumentação de que Paulo era um missionário estrategista e se fazia de fraco para ganhar os fracos, de gentio para ganhar os gentios e de judeu para ganhar os judeus a fim de evangelizá-los (1 Co 9:19-22) querendo com isso justificar esses sacrilégios em espaço separado à adoração – não se firma como interpretação sustentável e menos ainda absolve os bem intencionados que tudo fazem para promover a comunhão da igreja através de suas programações ímpias na casa do Senhor (deveriam ler o versículo 27 que encerra o mesmo capítulo citado anteriormente). Definitivamente não existe fundamento bíblico, justificativa evangelística ou razão cristã para se armar ringues de lutas marciais dentro dos templos; não há qualquer cabimento em transmitir jogos de copa do mundo no interior da casa consagrada a Deus para culto. Ainda tem aqueles que estão transformando o templo em uma sala de cinema com projeção inferior e aqueles outros que abandonaram a bíblia como livro texto do discipulado e adotaram os filmes de Hollywood como conteúdos de evangelização – a que ponto chegamos?
Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mt 15:8)
Parece que precisamos ser uma espécie de “macabeus cristãos” que venham a agir com as armas do amor, profundidade bíblica e autoridade dos céus – nos levantando contra essa falta de noção e ausência de temor; contra “homens sem fé” que montam “emboscadas no templo” e “maculam a casa de Deus”. Por trás de todos esses “discursos evangelistícos” e “koinoníacos” subsistem estratégias do mal, conceitos pós-modernos de que igreja é comunidade, sobretudo e somente no nível sociológico, influenciada pela cultura que a faz e cerca (e não pela bíblia), e conduzida pela compreensão do homem em seu tempo (e não pelo Espírito Santo). Se sua igreja adota esse modus operandi para a prática evangelística ou reforço fraternal, fale com seu líder, dialogue com seu pastor e tente em quanto a tempo para salvar os que ainda restam (Ap 3:2). E se não houver mudanças, ore e fale com Cristo Jesus – o cabeça da igreja (Ef 5:23), pois Ele não te deixará confundido sobre o que você terá que fazer a respeito.
Créditos:
Por Silvio Costa
Silvio mora na belíssima cidade de Guarapari no ES; é administrador de empresas por profissão; estudou teologia no Seminário SEET e na Faculdade FAIFA. É membro do conselho editorial da revista Seara News. Contribui como colunista em outros portais evangélicos e é palestrante em escolas bíblicas realizadas em seu Estado. Escreve também para o seu blog Cristão Capixaba e é o editor responsável pelo portal Litoral Gospel.Com informações do Gospel+
Nenhum comentário:
Postar um comentário