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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Macaco prego do Piauí tem inteligência superior, planeja e sabe corrigir erros

Divulgação/canalverde Macaco prego do Sul do Piauí é o único das Américas a usar ferramentas em suas atividades Macaco prego do Sul do Piauí é o único das Américas a usar ferramentas em suas atividades O macaco-prego é uma das cerca de 130 espécies de macacos encontradas nas Américas Central e do Sul, mas a que vive na Serra da Boa Vista, no Piauí, tem algo especial, por isso chama a atenção dos estudiosos. Por que se diferencia dos outros? Pelo que se sabe até agora, é o único macaco nas Américas que utiliza pedras como ferramenta. Um dos seus principais alimentos é a polpa de um coquinho típico da região, diferente do vendido no supermercado. Não se sabe como ou quando, porém o bicho descobriu que dentro desse fruto existe uma semente que pode ser ingerida. Mas como arrancá-la se a casca é dura e não dá para quebrar com os dentes? É aí que está a habilidade curiosa desse bicho. Ele leva o coquinho - que já deve estar seco - até uma pedra bem grande e plana. Então, procura outra pedra bem resistente e pesadinha e a utiliza como martelo para esmagar o fruto. Dessa forma, consegue a semente que queria. O fato chamou a atenção dos pesquisadores no início da década de 2000, quando descobriram a especialidade do macaco-prego piauiense por acaso. Antes disso, sabia-se apenas que chimpanzés, bonobos, orangotangos e gorilas (são de famílias diferentes e nenhum deles é originário das Américas) aprenderam a usar ferramentas espontaneamente. Em 2005, os cientistas começaram a desenvolver estudo mais detalhado sobre a espécie brasileira.Hoje, sabe-se que macacos-pregos de várias regiões do cerrado e caatinga também usam pedras para quebrar cascas de frutos duros. A difícil Vida de pesquisador Para estudar os primatas, como o macaco-prego, os pesquisadores precisam observá-las bem de perto durante muito tempo, sem atrapalhar a vida dos bichos. Para isso, vivem no habitat deles. Nesses locais, precisam fazer com que os animais se acostumem à presença dos humanos. Dependendo do caso, esse processo pode demorar de três a seis meses. Depois que isso acontece, começam a anotar o comportamento de cada indivíduo, que até recebem nomes para serem diferenciados uns dos outros. Para não perder nenhum detalhe, os estudiosos acordam antes dos animais e vão dormir depois. Andam muito. Para onde quer que o grupo vá, lá estão eles a acompanhando. Na Mata Atlântica, por exemplo, passam frio por causa da grande umidade e chuvas frequentes. No cerrado do Piauí, enfrentam sol forte e muito calor. Mas, apesar de todo cansaço e esforço, quem realiza esse trabalho garante: vale a pena se dedicar ao estudo da bicharada. Como há algumas espécies mais difíceis de ser estudadas, sabe-se muito pouco ainda. O da Mata Atlântica é diferente Não é só o macaco-prego do Sul do Piauí que vem chamando a atenção dos pesquisadores. Os que vivem no Parque Estadual Carlos Botelho, em São Paulo, também possuem habilidade especial, que impressiona a todos. Essa espécie, que habita a Mata Atlântica, não usa pedras para quebrar casca de frutos. No entanto, acredita-se que tenha ótimo senso de direção. Por isso, consegue chegar a mesma fonte de alimento sempre por caminhos diferentes, sem precisar usar uma rota fixa. Isso significa que ele não tem de decorar a paisagem que o cerca para chegar ao lugar que deseja sem se perder. De qualquer ponto da floresta em que esteja, consegue encontrar naturalmente a trilha mais fácil para ir à árvore em que esteve outras vezes, por exemplo. Nos primatas, essa capacidade só tinha sido notada no homem e em chimpanzés. Imagina-se que a vida em ambientes tão diferentes seja o motivo pelo qual o macaco-prego paulista se comporta de modo bem diferente do piauiense. O primeiro vive na floresta e passa o dia sobre as árvores. O do Piauí habita o cerrado e caminha quase o tempo todo pelo chão. Isso os obriga a encontrar soluções distintas para sobreviver. As informações sobre o comportamento das duas espécies ajudarão os especialistas a desenvolver outros estudos para compará-las e chegar a novas descobertas. Fonte: Canal Verde

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